quarta-feira, 17 de junho de 2009

Caxemira

A Caxemira está localizada ao norte da Índia, descrevendo historicamente o vale ao sul da parte mais ocidental do Himalaia,mas constituindo uma parte maior que inclui as regiões de Jammu, Caxemira e Ladakh.

Consiste de um lindo e enorme vale, rodeado de montanhas de grande altura, considerado um dos lugares mais belos do mundo.Essa região faz parte da Ásia de Monções, onde o verão é extremamente chuvoso e o inverno seco. As populações praticam a agricultura na forma de jardinagem oriental, com a utilização de numerosa mão-de-obra, levando a enormes concentrações populacionais nos vales úmidos. Além disso,é uma região estratégica, já que faz fronteira com a Índia, Paquistão, Rússia, China e Afeganistão.

Tem sido objeto de disputa entre a Índia e o Paquistão e da China, que apoderou-se de parte de seu território em 1962. A maioria da população é de origem paquistanesa e de religião muçulmana,mas quem o governa é a Índia, que possui religião predominante hinduísta.

Lago Dal Srinagar - Caxemira

Demografia

O censo de 1901 da Índia Britânica revelou que os muçulmanos constituíam 74,16% da população total do Estado principesco de Caxemira e Jammu, frente a 23,72% de hindus e 1,21% de budistas. Os hindus encontravam-se principalmente em Jammu, onde formavam pouco menos de 80% da população. No vale de Caxemira, os muçulmanos contavam 93,6% da população e os hindus, 5,24%. Tais percentuais mantiveram-se relativamente inalterados nos últimos 100 anos. Quarenta anos depois, o censo de 1941 da Índia Britânica indicou que os muçulmanos formavam 93,6% da população do vale de Caxemira e os hindus, 4%. Em 2003, o percentual de muçulmanos no vale de Caxemira era de 95% e o de hindus, de 4%; no mesmo ano, em Jammu, a percentagem de hindus totalizava 66% e a de muçulmanos, 30%.
Segundo o censo de 1901, a população total do Estado principesco de Caxemira e Jammu era 2 905 578 habitantes, dos quais 2 154 695 eram muçulmanos (74,16%); 689 073, hindus (23,72%); 25 828, siques e 35 047, budistas. No vale de Caxemira, a população contava 1 157 394 habitantes, dos quais 1 083 766 muçulmanos (93,6%) e 60 641 hindus.
Conforme o censo de 2001 da Índia, a população total do estado indiano de Jammu e Caxemira era de 10 143 700 habitantes, dos quais 6 793 240 eram muçulmanos (66,97%); 3 005 349, hindus (29,63%); 207 154, siques; e 113 787, budistas.

Fronteira Índia-Paquistão

A fronteira entre Índia e Paquistão é a linha que limita os territórios da Índia e do Paquistão, estabelecida a partir da independência dos dois estados a partir do Raj Britânico, em 1947. As relações entre os dois estados são muito tensas e a passagem na fronteira de pessoas e bens é estritamente limitada. A principal fonte desta discórdia relaciona-se com a questão de Caxemira: nesta região, não há consenso sobre o traçado da linha de fronteira.

Em Caxemira o traçado da fronteira está por definir. A Índia reclama soberania sobre as províncias de Caxemira Livre e Áreas do Norte, atualmente sob controle paquistanês. O Paquistão considera-se soberano sobre a zona do glaciar de Siachen, controlado pela Índia desde o conflito de Siachen em 1984. A região não tem nenhuma fronteira no sentido internacional, mas apenas uma linha de cessar-fogo, a Line of Control, limite das posições militares aquando do fim da Primeira Guerra Indo-paquistanesa em 1949. Esta linha de controle está materializada na quase totalidade do seu traçado por uma fileira dupla de arame farpado rodeado por campos minados. Conflitos entre os dois exércitos são regulares.

Conflito na Caxemira

O conflito na Caxemira se refere à disputa territorial entre a Índia e o Paquistão (e entre a Índia e a China).

Mapa mostrando os territórios disputados: verde: Caxemira Livre e Territórios do Norte, sob controle do Paquistão; marrom-escuro: Jammu e Caxemira, sob controle da Índia; Aksai Chin, sob ocupação da China.

A Índia reivindica a totalidade do antigo estado principesco antigo Dogra de Jammu e Caxemira e atualmente administra cerca de 43% da região, incluindo a maior parte de Jammu, Caxemira, Ladakh e a o Glaciar de Siachen. A alegação da Índia é contestada pelo Paquistão, que controla cerca de 37% da Caxemira, principalmente Caxemira Livre e as regiões setentrionais de Gilgit e Baltistão. Além disso, a China controla 20% da Caxemira, incluindo Aksai Chin que ocupava na sequência da breve Guerra sino-indiana de 1962 e da área Trans-Karakoram, também conhecida como o Vale Shaksam, que foi cedida pelo Paquistão em 1963.

A posição oficial da Índia é que Caxemira é uma "parte integrante" da Índia, enquanto a posição oficial do Paquistão é que a Caxemira é um território disputado cujo estatuto final só pode ser determinado pelo povo da Caxemira.Mas alguns grupos caxemires acreditam que a Caxemira deve ser independente da Índia e do Paquistão.

Índia e Paquistão se enfrentaram em três guerras ao longo do território da Caxemira em 1947, 1965 e 1999. Índia e China em uma vez em 1962, pelo controle de Aksai Chin, bem como o nordeste do estado indiano de Arunachal Pradesh. Índia e Paquistão também se envolveram em várias guerras no Glaciar de Siachen. Desde a década de 1990, o estado indiano de Jammu e Caxemira tem sido atingido por confrontos entre caxemires separatistas, incluindo militantes que a Índia alega serem apoiadas pelo Paquistão e as Forças Armadas do Paquistão, que causaram milhares de mortos.

A situação da área continua tensa, pois além do conflito com o Paquistão, existe atualmente um forte movimento pró-independência na Caxemira.

Antecedentes

Em 1935, os governantes britânicos obrigaram o rei dogra de Jammu e Caxemira a alugar partes do seu reino que iria integrar a nova Província da Fronteira do Noroeste, por 60 anos. Esta etapa foi concebida para reforçar as fronteiras do norte da Índia Britânica, especialmente a partir da Rússia.

Em 1947, o domínio britânico na Índia terminou com a criação de duas nações: a Índia e o Paquistão. Cada um dos 562 estados principescos indianos aderiram a um dos dois novos países: a União da Índia ou o Domínio do Paquistão. Jammu e Caxemira tinha uma população predominantemente muçulmana, mas um governante hindu, era o maior destes estados e auto-limitada com ambos os países modernos. Seu governante era o rei dogra (ou marajá), Hari Singh, que preferiu manter-se independente, pretendo evitar a pressão sobre ele a partir da Índia e do Paquistão, e jogar um contra o outro.



Divisão do território provocou migração de 15 milhões de pessoas

1ª Guerra Indo-Paquistanesa (Outubro de 1947)

Durante o processo de retirada britânica da Ásia, tribos muçulmanas pashtus se mobilizaram contra o marajá hindu Hari Singh que controlava a região. O paquistão, interessado em dominar a área, mandou soldados para essa primeira rebelião. O marajá Hari ,então, buscou ajuda da Índia para acabar com o conflito. Aproveitando a situação o premier indiano,Jawaharlal Nehru, pediu livre acesso econômico e militar em troca de apoio. Como nem a Índia e nem o Paquistão havia conseguido grandes conquistas militares, Jawaharlal, prevendo grandes desgastes, resolveu mencionar o conflito durante o Conselho de segurança das Nações Unidas de 1948. Colocando-se contra a questão paquistanesa, a ONU exigiu acordos de paz. Partilhou-se a Caxemira com 2/3 para a Índia e 1/3 para o Paquistão. Após a morte de 1500 soldados e rebeldes, um cessar fogo monitorado pelas Nações Unidas doi decretado em janeiro de 1949.

Em Outubro de 1947, as tribos paquistanesas de Dir invadiram a Caxemira, na esperança de liberta-la do domínio dogra. As forças estatais não foram capazes de resistir à invasão e o marajá assinou um instrumento de adesão que foi aceito pelo Governo da Índia em 27 de outubro de 1947.

Na sequência da partição do subcontinente, os 562 principados viram-se obrigados a tomar uma decisão responsável que iria mudar para sempre o seu respectivo futuro: a independência, a integração na Índia ou a integração no Paquistão. Caxemira não constituiu exceção à regra. Segundo o marajá Hari Singh, a melhor solução seria a de que o Estado Principesco de Jammu e Caxemira se mantivesse independente e soberano, no sentido de evitar qualquer tipo de pressão efetuado tanto pela Índia e/ou pelo Paquistão, nomeadamente o reavivamento das tensões entre hindus e muçulmanos.

No entanto, a decisão tomada por Hari Singh não fora vista com bons olhos pelo Paquistão e, consequentemente, os tribais paquistaneses e as forças militares do país invadiram a região caxemirense com o intuito de afastarem o marajá hindu do poder. Esta invasão marcou, assim, o início de uma série de violentos conflitos entre as forças armadas paquistanesas e indianas. Para além disso, alegava-se que Hari Singh estivera envolvido em inúmeras perseguições e ataques contra muçulmanos em Caxemira, muçulmanos estes que constituíam a maioria populacional na região.

Revelando-se desesperado e incapaz de enfrentar essa invasão, particularmente muitas das atrocidades cometidas por muitos rebeldes muçulmanos, Hari Singh resolveu, então, ceder o Estado Principesco à Índia. Satisfeita com o sucedido, a Índia redigiu um acordo formal, em cujas disposições estava implícita a integração de Caxemira no país. Assinado a 26 de Outubro de 1947, e aceite pelo Governador-Geral da Índia, Lord Mountbatten, nos termos do Ato da Independência Indiana de 1947, o Instrumento de Anexação (Instrument of Accession) deu luz verde ao processo de integração no país e à instalação das tropas indianas na região.

Tendo conhecimento desse processo “desagradável”, o Governador-Geral do Paquistão, Mohammed Ali Jinnah, ordenou uma rápida intervenção do exército paquistanês na região, uma vez que considerava “ilegal e inválido” o Instrumento de Anexação, particularmente as disposições nele contidas. Mas, esta ordem acabou por ser retirada dos planos de Jinnah.

Não obstante, em finais de 1947, Caxemira continuava a estar mergulhada numa violenta onda de contendas, devido ao imparável avanço por parte dos rebeldes paquistaneses (descontentes e revoltados) em direção à região. Perante a dificuldade em arranjar uma solução fiável e eficaz para pôr termo às hostilidades indo-paquistanesas, a Índia resolveu conduzi-las ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, para apreciação do caso, acusando ainda o país vizinho de agressão.



O afundamento da fragata INS Khukri na Guerra Indo-Paquistanesa de 1971

Concentrando todas as suas atenções numa questão particularmente sensível, como a de Caxemira, o Conselho de Segurança formulou duas resoluções fundamentais: a Resolução 38 (17 de Janeiro de 1948) e a Resolução 39 (20 de Janeiro de 1948). A primeira visava a contenção da disputa indo-paquistanesa, nomeadamente a abstenção de qualquer ato que pudesse agravar a situação. A segunda visava estabelecer a Comissão das Nações Unidas para a Índia e o Paquistão (UNCIP). Basicamente, a UNCIP desempenhou a função de mediadora do conflito, tendo igualmente recomendado o cessar-fogo e a retirada contínua das tropas paquistanesas do solo caxemirense.

Após o estabelecimento da UNCIP e face ao agravamento das hostilidades indo-paquistanesas, o Conselho de Segurança das Nações Unidas resolveu formular, em 21 de Abril de 1948, a Resolução 47, que exigia um cessar-fogo imediato, acrescentando que o Paquistão devia retirar do solo caxemirense todas as suas tropas e, ainda, não interferir na vida política da região. A resolução declarava que a questão da integração de Caxemira, particularmente o seu destino, seria “determinada, sob a égide das Nações Unidas, através do processo de plebiscito, tendo em conta a expressão da livre vontade por parte do povo caxemirense”. O cessar-fogo só foi posto em prática em 31 de Dezembro de 1948, e cerca de 30% da área disputada foi absorvida pelo Paquistão e repartida em duas entidades territoriais: Azad Caxemira (Caxemira Livre) e Territórios do Norte. O Vale de Caxemira, a região de Jammu e parte das montanhas de Ladakh ficaram sob controlo indiano, tomando a designação de Estado de Jammu e Caxemira, o único Estado indiano cuja maioria da população é muçulmana.

Embora a Índia e o Paquistão estivessem encarreguados da realização do plebiscito anteriormente referido, a verdade é que este nunca foi posto em prática, e nem as tropas de ambas as nações foram totalmente retiradas da região.
A 27 de Julho de 1949 foi assinado, sob os auspícios da UNCIP, um acordo entre os representantes militares de ambos os países, na cidade paquistanesa de Karachi. Tal acordo, também conhecido por Acordo de Karachi (“Karachi Agreement”), veio estabelecer uma linha de cessar-fogo – a Linha de Controlo (LdC) –, servindo-se de fronteira [artificial] entre Azad Caxemira e Jammu e Caxemira.

Uma vez cumprida a sua missão, a UNCIP viria a ser substituída a 30 de Março de 1951, pelo UNMOGIP (United Nations Military Observer Group in India and Pakistan). Nos termos da Resolução 91 (1951) do Conselho de Segurança, seria a partir dessa data que o UNMOGIP supervisionaria a linha de cessar-fogo e analisaria eventuais reclamações relativamente a atos de violação da referida linha.

Guerra Sino-Indiana
Mapa destacando o território do conflito sino-indiano

Tendo início em 10 de Outubro de 1962, a Guerra Sino-Indiana, mais concretamente conhecida por Conflito da Fronteira Sino-Indiana, foi um conflito no qual estiveram envolvidas a Força de Libertação Popular Chinesa e as forças militares da República da Índia.

Um dos principais fatores que, de certo modo, contribuiu para a eclosão deste conflito consistia na disputa pela zona fronteiriça dos Himalaias, situada em Arunachal Pradesh (Sul do Tibete), por ambos os países. Um outro fator, e talvez o mais importante, era a luta pela região de Aksai Chin, situada na confluência de três países – China, Índia e Paquistão.

Historicamente, Aksai Chin pertencia ao Reino Himalaiano de Ladakh até inícios do século XIX, altura em que a região de Ladakh foi anexada por Caxemira. Na sequência da assinatura do tratado de 1904 pelo Tibete e pela Índia Britânica, Aksai Chin passou a fazer parte integrante na Índia Britânica. No entanto, este tratado não foi visto com bons olhos nem aceite pela China, visto que esta não reconhecia, nem nunca reconheceu o Tibete como Estado soberano, considerando-o como parte dela mesma.

Para além dos fatores anteriormente referidos, torna-se imperativo acrescentar uma outra causa central do conflito sino-indiano: a construção de uma auto-estrada em plena Aksai Chin. Construída pela República Popular da China, essa auto-estrada, de cerca de 2,280 quilómetros de comprimento, faz a ligação entre Yecheng, na província chinesa de Xinjiang, e Lazi, no Tibete, chegando mesmo a passar por Aksai Chin. No momento em que a Índia teve conhecimento da passagem da estrada nacional chinesa por Aksai Chin, a China resolveu construir aí alguns postos militares e estações destinadas a veículos pesados, por considerar o local uma área estrategicamente importante.

Como era de esperar, a reação por parte da Índia não foi das melhores, pois os indianos consideravam (e consideram, ainda) Aksai Chin como parte do Estado indiano de Jammu e Caxemira. Deste modo, o país resolveu enviar tropas para a região, desafiando a China através de vários ataques armados, de forma a garantir que Aksai Chin estaria sob a admnistração indiana. Acusando a Índia de agressão, a China resolveu optar por uma posição de auto-defesa, embora o exército chinês, consciente da fraca preparação das tropas indianas, não tivesse deixado de lançar, por iniciativa própria, uma série de ofensivas militares.

A guerra terminou em 20 de Novembro de 1962, na sequência de uma declaração unilateral de cessar-fogo por parte da China. Uma vez que a vitória ficou do lado chinês, Aksai Chin passou a ser oficialmente administrado pela China, tendo esta feito os possíveis e os impossíveis para consolidar o controlo sobre a região. Consequentemente, foi estabelecida uma linha estratégica (Line of Actual Control), parecida à já referida Linha de Controlo, com o objectivo de separar Jammu e Caxemira (Índia) de Aksai Chin (China).
Apesar da sua curta duração, o conflito sino-indiano provocou um grande número de baixas, principalmente do lado indiano, servindo-se de profunda lição à Índia, no sentido de fazer com que esta reconhecesse a superioridade estratégica da Força de Libertação Popular.

2ª Guerra Indo-Paquistanesa (agosto de 1965)



Após o conflito entre a Índia e a China, em 1962, o poderio militar indiano aumentou. Ao mesmo tempo a Índia tentava a total integração da caxemira ao seu Estado, fazendo da região áerea de controle jurídico. Devido a uma revolta decorrente do roubo de uma relíquia da mesquita de Hazratbal, os paquistaneses viram uma forma de reprimir a ação indiana na Caxemira. Mais um vez os países voltariam a guerriar pelo controle da região. Utilizando soldados infiltrados, o Paquistão iniciou, em 1965, a ocupação do Vale da Caxemira na chamada Operação Gibraltar, o que levou a Índia a atacar o Paquistão.Houveram conflitos generalizados na Caxemira, com o movimento "Caxemira Livre" atacando hindus da Caxemira. Resultado: 3 mil indianos e 3,8 mil paquistaneses mortos. Nessa altura, a ONU resolveu intervir exigindo cessar-fogo. Então, a 10 de janeiro de 1966, as duas nações assinaram o Tratado de Tashkent, que previa retirada de tropas da fronteira.

O conflito entre a Índia e o Paquistão estava longe de ser definitivamente resolvido com o cessar-fogo de 31 de Dezembro de 1948, o qual constituía nada mais do que uma simples trégua militar entre os dois países. Apesar da suspensão temporária do conflito em termos bélicos, ambos se disputavam entre si através de meios diplomáticos, como se de uma diplomacia coerciva se tratasse.

No início da década de 50 do século XX, poucos anos após o começo da Guerra Fria e a partição do subcontinente indiano, o regime militar paquistanês de Ayub Khan resolveu integrar-se numa rede de alianças com os países do bloco ocidental, particularmente os Estados Unidos da América. Como um dos principais aliados dos americanos no sudeste asiático, o Paquistão encontrar-se-ia numa posição, de certo modo, privilegiada, nomeadamente atuando da sua entrada para o Pacto de Bagdade ou CENTO (Central Treaty Organization) e para a SEATO (Southeast Asian Treaty Organization). Neste sentido, o país, juntamente com o vizinho iraniano, serviria de Estado-tampão a qualquer tentativa expansionista por parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, adotando assim um dos princípios fundamentais da Doutrina Truman: a política de containment.

A adesão paquistanesa, durante a década de 50, às organizações ou pactos militares patrocinados pelos Estados Unidos não foi senão uma forma de garantir que o Paquistão recebesse a longo-prazo um notável apoio militar e econômico por parte dos americanos. Ao contrário do Paquistão, a Índia manifestou-se desinteressada, embora segura, em se aliar a qualquer um dos blocos, ocidental e comunista, empenhando-se, desta forma, em representar o Movimento dos Não-Alinhados, longe de qualquer conflito de cunho ideológico.

Na sequência da guerra sino-indiana de 1962, o Paquistão resolveu incrementar uma aliança estratégica com um país comunista: a China. Encarando esta aliança como uma ameaça aos interesses do bloco ocidental, os Estados Unidos decidiram reduzir o apoio militar ao Paquistão. Deste modo, o relacionamento inicialmente privilegiado entre paquistaneses e americanos começou a entrar em crise. A própria Índia, incapaz de superar a humilhação face à derrota frente à China, também observou na aliança sino-paquistanesa algo consideravelmente perigoso para a segurança do país, em geral, e para a segurança de Jammu e Caxemira, em particular.

Perante um clima de profunda agitação política caracterizado pelo irresistível ressurgimento do ódio entre hindus e muçulmanos, a Índia e o Paquistão envolveram-se em novos confrontos diretos em 1965.

A segunda guerra indo-paquistanesa teve início em Rann de Kutch, uma área praticamente abandonada e desabitada, caracterizada pelos seus terrenos inférteis e improdutivos. As forças armadas indianas e paquistanesas desenvolviam uma série de atividades de patrulha em tal área, repartidas em duas fases: a primeira ocorreu em Março e a segunda em Abril. No entanto, estas atividades de patrulha transformaram-se, num curto espaço de tempo, em violentos confrontos diretos. Em Junho do mesmo ano, por iniciativa do Primeiro-Ministro britânico Harold Wilson, ambos os países foram persuadidos a dar início ao cessar-fogo. Como resultado deste processo, o Paquistão conseguiu absorver com sucesso cerca de 10% de Rann de Kutch.

Perante o sucedido, a crença na possibilidade de derrotar definitivamente a Índia e de anexar Jammu e Caxemira contribuiu para o aumento exorbitante da confiança, em termos estratégicos, por parte do presidente paquistanês Ayub Khan. Em contrapartida, o descontentamento desmedido por parte da Índia despertou a atenção do país em torno da frustrada derrota de 1962 face à China e de uma eventual derrota frente ao Paquistão, intolerável e inimaginável aos olhos do povo indiano. Por conseguinte, o exagero implícito nas atitudes de ambas as partes fez com que o conflito reentrasse em erupção.

Em Agosto de 1965 foram infiltrados secretamente vários conjuntos de guerrilhas sob o comando de Ayub Khan em Jammu e Caxemira, com o intuito de fomentar um movimento rebelde de resistência junto da respectiva população muçulmana. Esta operação, levada a cabo pelas tropas paquistanesas, rapidamente se transformou num ato falhado na sequência da captura dos respectivos infiltradores pelas tropas indianas. Como resposta à tentativa paquistanesa de infiltração massiva de guerrilhas, as forças indianas atravessaram a linha de cessar-fogo de 1949 e a Fronteira International, lançando uma série de ataques em direcção a Azad Caxemira e Territórios do Norte. Consequentemente, a Índia absorveu alguns territórios da Pakistan-administred Kashmir.

Na sequência do falhanço da primeira operação, o Paquistão pôs em marcha uma nova operação militar, em inícios de Setembro, lançando um violento contra-ataque em direção à área de Bhimbar-Chhamb, para a recuperação de territórios e de alguns postos vitais adquiridos pela Índia. Mais uma vez, as tropas paquistanesas, surpreendidas pela virilidade e forte resistência das forças indianas, não conseguiram alcançar os seus objetivos centrais, o que permitiu aliviar a frustração indiana face à derrota de 1962 e elevar o seu nível de confiança estratégica.

Apesar de o Paquistão ter assinado juntamente com o representante do bloco ocidental um Acordo de Cooperação/Aliança Mútua, os Estados Unidos declararam a sua neutralidade na guerra, decretando um embargo à venda de armas, não apenas ao beligerante paquistanês, mas também ao beligerante indiano. Acredita-se, de fato, que o esforço guerreiro paquistanês foi largamente prejudicado neste âmbito.

Perante um clima de hostilidades profundas e inacabáveis, a ONU foi, mais uma vez, obrigada a intervir. A 20 de Setembro, o Conselho de Segurança adotou unanimemente uma resolução, que exigia um cessar-fogo incondicional por parte das duas nações. No entanto, a situação permaneceu tensa pelo menos até finais de 1965, devido a alegadas violações do processo de cessar-fogo e à manutenção de ambas as forças em territórios alheios por um período de tempo.

A guerra finalmente terminou graças à mediação e esforços empreendidos pelo Primeiro Ministro da URSS, Alexey Kosygin, que conseguiu convencer o Primeiro Ministro indiano Lal Bahadur Shastri e o Presidente paquistanês Ayub Khan a assinar, em Janeiro de 1966, um acordo de cessar-fogo, em Tashkent (atualmente, capital do Estado independente do Uzbequistão). Segundo o acordo, ambas as partes comprometer-se-iam a resolver as suas divergências através de meios pacíficos e aceitariam a retirada, até 25 de Fevereiro, das respectivas forças dos territórios ocupados anteriormente.

De certo modo, o cessar-fogo não constituiu senão uma resolução temporária para a crise de Caxemira que, tornando-se largamente duvidosa, nos conduz a um mundo cada vez mais rodeado de incertezas. Após um período de paz de seis anos, a Índia e o Paquistão envolveram-se num outro conflito (a guerra de 1971), causado pela guerra civil do Paquistão Oriental (o atual Bangladesh), quando ambas as partes violaram, uma vez mais, a linha de cessar-fogo e ocuparam territórios que estavam para além desta.

Conflito de Kargil(1999)

Nos finais da década de 90 houve um agravamento das relações, já tensas, entre a Índia e o Paquistão por ocasião da corrida às armas nucleares e, mais tarde, da eclosão de um quarto conflito armado (a Guerra de Kargil).

Em Fevereiro de 1999, três meses antes do conflito, Atal B. Vajpayee e Nawaz Sharif reuniram-se na cidade paquistanesa de Lahore, dando início a uma série de conversações em torno da questão da paz. Foi assinada, no final da reunião, a Declaração de Lahore, cujas disposições apontavam para um fortalecimento do diálogo bilateral e de esforços no sentido de resolver as respectivas divergências, incluindo a questão de Caxemira, e de não intervir nos assuntos internos de cada uma das partes, reduzindo assim o risco de uma guerra nuclear.

No entanto, esta iniciativa de paz rapidamente se tornou um fracasso quando, semanas após a assinatura da declaração, grupos separatistas caxemirenses e guerrilheiros islamitas, atravessando para além da Linha de Controle, invadiram o distrito de Kargil, uma zona montanhosa e de difícil acesso situada na Indian-administred Kashmir. À medida que as semanas iam passando, variadas operações eram postas em prática em Kargil pelos respectivos infiltradores, no sentido de desafiar o domínio indiano na região, tentando derrubá-lo de vez. Quando, em Maio de 1999, Atal B. Vajpayee teve conhecimento deste processo infiltrador, foi lançada uma outra operação (a Operação Badr), de maior dimensão, que acabou dando início à quarta guerra indo-paquistanesa.

De fato, a guerra de Kargil deve ser analisada tendo em conta três fases sequenciais: em primeiro lugar, a “captura” paquistanesa de territórios estrategicamente vitais pertencentes à Caxemira indiana; em segundo, a proteção de estradas de grande importância estratégica por parte das forças indianas; e, em último lugar, o recuo das tropas paquistanesas e dos respectivos infiltradores da região.

Devido aos Invernos rigorosos em Caxemira era bastante frequente o abandono da maioria dos postos por parte das tropas indianas e paquistanesas até à chegada da Primavera. Só a partir de então as tropas de ambas as facções retomaram as suas lutas, reocupando os territórios que anteriormente tinham sido abandonados. Deste modo, durante o mês de Maio, Kargil encontrava-se submerso numa grande onda de violência, caracterizada simultaneamente pela ocupação forçada das tropas paquistanesas e pelas atividades de carácter subversivo, ou simplesmente guerrilhas, praticadas pelos separatistas caxemirenses e pelos mujahideen afegãos. A resposta da Índia foi imediata: as forças armadas (compostas por cerca de duzentos mil homens) e força áerea indianas envolveram-se numa operação, que recebeu o nome de Operação Vijay, com o objetivo de “empurrar” os inimigos para os confins da Linha de Controle, impedindo-os de se aproximarem, uma vez mais, da Caxemira indiana.

Para que fosse assegurado o recuo definitivo do inimigo, a Índia resolveu proteger e controlar a Auto-Estrada Nacional 1 (National Highway No. 1 – NH 1), embora aqueles tenham lançado vários ataques em direcção à estrada. De fato, a respectiva auto-estrada constituía um “bem” de grande valor, dada a sua importância estratégica, visto que fazia a ligação entre as cidades de Leh, a leste de Jammu e Caxemira, e Srinagar, a oeste, passando pelo distrito de Kargil. Além disso, a NH 1 era frequentemente utilizada para o transporte de material de guerra, incluindo pequenas e médias granadas.

Em meados de Junho, as tropas e infiltradores paquistaneses começaram a sentir alguns sinais de dificuldade em enfrentar as forças indianas que rapidamente iam ganhando cada vez mais o seu terreno. Apesar das temperaturas negativas, as montanhas de Kargil foram recuperadas, com sucesso, pelos indianos na sequência do lançamento sucessivo de fortes ataques e de granadas em direcção ao inimigo. Revelando-se cada vez mais frustrado e impotente, o Paquistão chegou mesmo a pensar que a única hipótese em se impor à Índia seria a de lançar um ataque nuclear. Isto acabou não acontecendo devido às duras objeções por parte dos Estados Unidos, que ameaçaram deixar de exercer todo o tipo de apoio ao Paquistão caso este não cedesse.

Consciente de que não havia mais volta a dar, Nawaz Sharif ordenou a retirada das tropas paquistanesas de Kargil, apesar das contestações por parte de alguns militares e extremistas islâmicos. Tirando partido da retirada paquistanesa, as forças indianas lançaram um ataque final na última semana de Julho, expulsando todos os grupos jihadistas presentes no território. A guerra terminou oficialmente em 26 de Julho, assinalando-se assim o Kargil Victory Day em plena Índia, a qual passou a assumir total controle sobre Kargil e arredores, anteriormente ocupados pelos paquistaneses.

Conflito Nuclear

A rivalidade entre Índia e Paquistão levou esses países a uma corrida armamentista colocando-os na lista de países nucleares.Em 1998, por exemplo, a Índia realizou cinco explosões nucleares e o Paquistão, em revanche, sete.

A questão nuclear desses dois países chama atenção internacional para a Caxemira. O paquistão tenta aproveitar a inquietação causada pelas explosão para obter uma mediação categoricamente rejeitada pela Índia.

Em julho de 2001, em Angra, uma reunião de cúpula com os líderes da Índia e do Paquistão tentou chegar a uma soluão pacífica, mas não obteve êxito. Um dos principais obstáculos à negociação foi a postura da Índia em relação ao território. Historicamente o país vem afirmando que sua sobernia sobre a Caxemira é inegociável.

Apesar de ter iniciado tentativas de desenvolver um programa de armamento nuclear em 1975, o Paquistão apressou realmente essa vontade durante uma clima de enorme tensão militar com a Índia, devido à questão da Caxemira, que conduziu cinco testes em três dias, declarando-se, logo a seguir e de forma oficial, uma potência nuclear.

O desenvolvimento do programa nuclear indiano foi iniciado devido aos confrontos fronteiriços com a China, em 1962, e mais recentemente, com o vizinho Paquistão. Apesar de ter conduzido um teste nuclear em 1974, não se considerou uma potência nuclear até 1998. Nesse ano, a Índia conduziu cinco testes nucleares, numa demonstração de força dirigida ao Paquistão, durante uma situação de enorme tensão devido à questão de Caxemira.

Ponto de vista do Paquistão e da Índia

O Paquistão diz que a Caxemira deveria ter-se tornado parte do Paquistão em 1947, porque os muçulmanos são a maioria na região. O Paquistão também argumenta que os caxemires deveriam ter o direito de decidir sobre o seu futuro através do referendo popular, conforme previsto em diversas resoluções da ONU sobre a questão.

A Índia, no entanto, não quer o debate internacional sobre a matéria, argumentando que do Acordo de Simla, de 1972, resultou uma resolução. A Índia aponta para o Instrumento de Anexação, assinado em outubro de 1947, pelo marajá Hari Singh.

Após a independência da Índia britância, a 15 de agosto de 1947, por motivos religiosos,dois estados independentes se formaram: a Índia, hindu,e o Paquistão, muçulmano.As relações da Índia com o Paquistão começaram mal e jamais foram amistosas. Para piorar ainda mais a difícil convivência entre ambos, observa-se que a Índia e o Paquistão (separado originalmente em Ocidental e Oriental) nasceram nos princípios da Guerra Fria. O Paquistão inclinou-se a favor d
os EUA enquanto a Índia procurou o apoio da URSS.

A divisão foi uma conspiração colonial. O poder colonial não queria abandonar uma nação tão forte de grande população, de uma vasta extensão geográfica e de um enorme potencial. Foi o colonialismo que lançou achas para a fogueira do conflito entre as diferentes seitas e comunidades. A prova disto é o fato de, antes do colonialismo, essas comunidades terem vivido em conjunto e de uma forma pacífica no subcontinente indiano.

Tanto a Índia como o Paquistão rejeitam a independência da Caxemira.

Questionário

1)Como começou o conflito entre a Índia e o Paquistão na região da Caxemira?

A disputa desse território iniciou-se com o término da dominação britânica sobre a região em que está localizada os dois países. Os mulçumanos foram deslocados para o Paquistão, e as pessoas de orientaão budista foram encaminhdas à Índiam, porém na região da Caxemira (de maioria mulçumana) o marajá hindu Hari Singh preferiu manter-se independente.No entanto, a decisão tomada por Hari Singh não foi vista com bons olhos pelo Paquistão e, consequentemente, as forças militares do país invadiram a região caxemirense com o intuito de afastarem o marajá hindu do poder. Esta invasão marcou, assim, o início de uma série de violentos conflitos entre as forças armadas paquistanesas e indianas.

2)Quando teve inicio a Guerra Sino-Indiana? E que região foi disputada?

A guerra teve inicio em 10 de Outubro de 1962, e a região a ser disputada foi Aksai Chin, situada na confluência de três países – China, Índia e Paquistão.

3)Qual o principal fator para o começo da Guerra da Guerra Sino-Indiana?

A principal causa foi a construção, feita pela China, de uma auto-estrada em plena Aksai Chin, quando as autoridades indianas souberam do ocorrido enviaram tropas para a região, desafiando a China através de vários ataques armados

4)Durante a Guerra Fria , a ÍNdia ou o Paquistão se aliaram a um dos lado? Qual?
O Paquistão inclinou-se a favor d
os EUA enquanto a Índia procurou o apoio da URSS.

Referências Bibliográficas


http://vestibular.uol.com.br/ultnot/resumos/ult2768u17.jhtm

http://www.guerras.brasilescola.com/seculo-xx/i-guerra-caxemira.htm

http://www.guerras.brasilescola.com/seculo-xx/ii-guerra-caxemira.htm

http://www.infoescola.com/historia/o-territorio-da-caxemira/

http://br.geocities.com/caxemira_livre/artigo6.htm

http://noticias.uol.com.br

http://www.bbc.co.uk/portuguese

http://danielikgirl.blogspot.com/

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http://br.geocities.com/caxemira_livre/artigo17.htm

http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/india/independencia-da-india.php

http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_na_Caxemira

http://educaterra.terra.com.br/voltaire/seculo/2005/03/26/000.htm

http://www.guerras.brasilescola.com/seculo-xx/ii-guerra-caxemira.htm

2 comentários:

  1. Ai fica a indignação sentida pelos moradores da região Caxemira,que não possuem soberania própria,e passam por várias guerras...

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